Magro, de olhos azuis, carão moreno, Bem servido de pés, meão na altura, Triste de facha, o mesmo de figura; Nariz alto no meio, e não pequeno;
Incapaz de assistir num só terreno, Mais propenso ao furor do que à ternura; Bebendo em níveas mãos por taça escura De zelos infernais letal veneno;
Devoto incensador de mil deiades (Digo de moças mil) num só momento, E somente no altar amando os frades,
Eis Bocage, em quem luz algum talento; Saíram dele mesmo estas verdades, Num dia em que se achou mais pachorrento.
(Bocage)
0'Neill (Alexandre), moreno português, cabelo asa de corvo; da angústia da cara, nariguete que sobrepuja de través a ferida desdenhosa e não cicatrizada. Se a visagem de tal sujeito é o que vês (omita-se o olho triste e a testa iluminada) o retrato moral também tem os seus quês (aqui, uma pequena frase censurada...) No amor? No amor crê (ou não fosse ele 0'Neill!) e tem a veleidade de o saber fazer (pois amor não há feito) das maneiras mil que são a semovente estátua do prazer. Mas sofre de ternura, bebe de mais e ri-se do que neste soneto sobre si mesmo disse...
(Alexandre O'Neill)
Meu sacana de versos! Meu vadio. Fazes falta ao Rossio. Falta ao Nicola. Lisboa é uma sargeta. Éum vazio. - E é raro o poeta que entre nós faz escola. -
Mastigam ruminando o desafio. São uns merdosos que nos pedem esmola. Aos vinte anos cheiram a bafio têm joanetes culturais na tola.
Que diria Camões nosso padrinho ou o Primo Fernando que acarinho como Pessoa viva à cabeceira?
O que me vale é que não estou sozinho ainda se encontram alguns pés de linho crescendo não sei como na estrumeira!
"Não deixes que o Mal te convença de que podes ter segredos para ele."
ResponderEliminarFranz Kafka (Aforismos)
Rose
Magro, de olhos azuis, carão moreno,
ResponderEliminarBem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura;
Nariz alto no meio, e não pequeno;
Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno;
Devoto incensador de mil deiades
(Digo de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades,
Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades,
Num dia em que se achou mais pachorrento.
(Bocage)
0'Neill (Alexandre), moreno português,
cabelo asa de corvo; da angústia da cara,
nariguete que sobrepuja de través
a ferida desdenhosa e não cicatrizada.
Se a visagem de tal sujeito é o que vês
(omita-se o olho triste e a testa iluminada)
o retrato moral também tem os seus quês
(aqui, uma pequena frase censurada...)
No amor? No amor crê (ou não fosse ele 0'Neill!)
e tem a veleidade de o saber fazer
(pois amor não há feito) das maneiras mil
que são a semovente estátua do prazer.
Mas sofre de ternura, bebe de mais e ri-se
do que neste soneto sobre si mesmo disse...
(Alexandre O'Neill)
Meu sacana de versos! Meu vadio.
Fazes falta ao Rossio. Falta ao Nicola.
Lisboa é uma sargeta. Éum vazio. -
E é raro o poeta que entre nós faz escola. -
Mastigam ruminando o desafio.
São uns merdosos que nos pedem esmola.
Aos vinte anos cheiram a bafio
têm joanetes culturais na tola.
Que diria Camões nosso padrinho
ou o Primo Fernando que acarinho
como Pessoa viva à cabeceira?
O que me vale é que não estou sozinho
ainda se encontram alguns pés de linho
crescendo não sei como na estrumeira!
(Ary dos Santos)
Homenagem a Bocage,esse valdevinos
Rose