2 comentários:

  1. Anónimo6.12.10

    Algum dia o poema será a buganvília
    pendente deste muro da Calçada da Graça.
    Produz uma semente que faz esquecer os jornais, o emprego e a família,
    e além disso tudo atapeta o passeio alegrando quem passa.
    Mas antes desse dia há-de secar a buganvília
    e o varredor há-de levar as flores secas para o monturo.
    Depois cairá o muro.
    E como o tempo passa
    mesmo contra a vontade,
    também há-de acabar a Calçada da Graça
    e o resto da cidade.
    Então, quando nada restar, nem o pó de um sorriso
    que é o mais leve de tudo que se pode supor,
    será esse o momento de o poema ser flor,
    mas já não é preciso.


    António Gedeão

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